Consultor apresenta perspectiva comparativa entre mercado pet americano e brasileiro

Marcio Mota. Foto: Arquivo pessoal

Numa reportagem que li, recentemente, diz que a indústria de animais de estimação dos Estados Unidos alcançou um marco significativo em 2023, com um impressionante total de US$ 147 bilhões em receita, de acordo com o relatório anual divulgado pela American Pet Products Association (APPA).

Desse montante total, os números detalhados revelam a seguinte distribuição de vendas:

• US$ 64,4 bilhões foram destinados a alimentos e petiscos para animais de estimação.
• US$ 32 bilhões foram gastos em suprimentos, venda de animais e medicamentos de venda livre.
• US$ 38,3 bilhões foram alocados para cuidados veterinários e produtos veterinários.
• Finalmente, US$ 12,3 bilhões foram direcionados para uma variedade de serviços, incluindo hospedagem, tosa, seguro saúde, treinamento e babá de animais de estimação.

Observamos que esses dados refletem a resiliência contínua da indústria de animais de estimação, que tem se mantido forte desde 2009, apesar das turbulências econômicas em nível nacional e global. Ele expressou confiança no futuro da indústria, prevendo que as despesas ultrapassem a marca dos US$ 250 bilhões até 2030.

Além disso, a APPA realizou uma pesquisa abrangente entre os tutores de animais de estimação para avaliar seus gastos em serviços básicos. Os resultados revelaram as seguintes despesas médias nos 12 meses anteriores:

• Consultas veterinárias cirúrgicas: US$ 458 para cães e US$ 201 para gatos.
• Visitas veterinárias de rotina: US$ 242 para cães e US$ 178 para gatos.
• Alimentação: US$ 287 para cães e US$ 254 para gatos.

Além disso, compartilhou dados sobre a propriedade de animais de estimação por geração, que se desdobrou da seguinte forma:

• Geração Z: 16%
• Millennials: 33%
• Geração X: 25%
• Baby boomers: 24%

A vice-presidente de insights e pesquisa da APPA, destacou que embora os proprietários de animais de estimação da geração Y ainda sejam os mais numerosos, a quantidade de proprietários da Geração Z está crescendo rapidamente, indicando uma mudança demográfica no mercado de animais de estimação.

Esses dados pintam um quadro otimista para a indústria de animais de estimação nos Estados Unidos, mostrando sua robustez contínua e seu potencial de crescimento futuro.

Em termos de receita, o mercado pet brasileiro também tem mostrado um crescimento significativo nos últimos anos. De acordo com dados do Instituto Pet Brasil, a indústria pet brasileira registrou uma receita total de aproximadamente R$ 40 bilhões em 2023. Embora isso represente uma fração dos US$ 147 bilhões gerados nos EUA, é importante notar que o mercado brasileiro está em ascensão e tem um enorme potencial de expansão.

Assim como nos EUA, a distribuição de vendas no mercado pet brasileiro abrange uma variedade de segmentos. Por exemplo:

• Alimentos e petiscos para animais de estimação continuam a ser uma parte significativa do mercado, representando uma parcela substancial da receita total.
• Os gastos em suprimentos, como brinquedos, acessórios e produtos de higiene, também contribuem significativamente para a indústria pet brasileira.
• Os cuidados veterinários e os produtos veterinários são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar dos animais de estimação, e os proprietários brasileiros estão cada vez mais dispostos a investir nesses serviços, porém representam no Brasil uma pequena parcela do mercado todo.
• Serviços adicionais, como hospedagem, tosa, seguro saúde e treinamento, estão se tornando cada vez mais populares entre os proprietários de animais de estimação no Brasil, refletindo uma tendência semelhante à observada nos EUA.

Além disso, assim como na América do Norte, a demografia dos proprietários de animais de estimação no Brasil está passando por mudanças significativas. As gerações mais jovens, como os millennials e a geração Z, estão assumindo um papel cada vez mais importante no mercado pet brasileiro, à medida que demonstram um aumento na propriedade e número de animais de estimação.

No entanto, apesar do crescimento promissor e das semelhanças com o mercado dos EUA, o mercado pet brasileiro ainda enfrenta desafios únicos, como questões regulatórias, impostos, aspectos culturais, formação educacional e técnica, infraestrutura limitada e disparidades socioeconômicas. No entanto, com o aumento da conscientização sobre a importância dos animais de estimação na vida das pessoas e o aumento do poder de compra da classe média, o futuro da indústria pet no Brasil é promissor.

Em última análise, ao analisar o sucesso da indústria pet nos Estados Unidos e aplicar esses insights ao mercado brasileiro, é possível vislumbrar um futuro vibrante e próspero para a indústria pet no Brasil, com oportunidades emocionantes para crescimento e inovação.

Por Marcio Mota, médico veterinário, consultor regulatório e técnico para veterinária de pequenos animais e idealizador da LegalVet